A conversa que se desenrolou em uma sala da Comunidade Terapêutica Terra da Sobriedade entre as terapeutas ocupacionais Ana Luiza Viana e Carolina Couto da Mata, quando questionadas sobre o que diferencia o usuário social de drogas do usuário compulsivo - ao qual a internação em clínicas de tratamento se apresenta como alternativa - deu o tom da complexidade em se afirmar se um indivíduo é, ou não, dependente químico.
Há, segundo Carolina e Ana, critérios objetivos, mas, sobretudo, importa o critério social - que implica avaliar subjetivamente a relação do indivíduo com a droga consumida e os efeitos dela decorrentes. Carolina destacou o tempo de consumo da droga como um dos fatores que é considerado na avaliação - neste momento, um interlocutor afirmou que seu irmão "fuma maconha, normal, há 25 anos", sugerindo que não era um caso de dependência química.
A observação do interlocutor faz sentido se observadas as diferenças entre o sujeito que faz uso de substâncias psicoativas, o que abusa delas, e o que mantém relação de dependência química com as drogas, segundo os pesquisadores Ronaldo Laranjeira, Selma Bordin e Neliana Buzi em seu livro "Aconselhamento em Dependência Química".
Os autores indicam que "não existe uma fronteira clara entre uso, abuso e dependência quimica. Poderíamos definir uso como qualquer consumo de substância, seja para experimantar, seja esporático ou episódico; abuso ou uso nocivo como consumo de substâncias já associado a algum tipo de prejuízo (biológico, psicológico e social); e, por fim, dependência como consumo sem controle, geralmente associado a problemas sérios para o usuário."
É necessário lembrar que os efeitos psicoativos de cada droga são diferenciados, pela própria composição química de cada uma, e pelas diferentes reações apresentadas pelos organismos. Um trecho do Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas elaborado em parceria entre a Universidade Federal de São Paulo e o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas aponta que "os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos são uma sensação de bem estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado e vontade de rir (hilariedade). Para outras pessaos, os efeitos são mais para o lado desagradável: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle mental, trêmulas, suadas. (...)"
A dependência química pode ser identificada pelo próprio usuário (e isso é condição para o tratamento na Comunidade Terapêutica Terra da Sobriedade: que o indivíduo se reconheça como dependente e que queira tratar-se). A irmandade de Narcóticos Anônimos elaborou um questionário com algumas perguntas que podem auxiliar o usuário de drogas a refletir sobre seu grau de dependência em relação às substâncias consumidas; algumas das perguntas sequer mencinonam 'drogas', e um texto que as acompanha aponta que o número de 'sim' respondido não significa maior grau de dependência - o critério, também, é subjetivo.
Caíque, o texto está muito bem escrito e o assunto é bastante interessante. Precisa atentar apenas para como utilizar os mecanismos que fariam o texto se aproximar mais da linguagem cibernética (fotos, vídeos, podcasts, links, etc). Sei que o tema pode tornar isso difícil, mas poderia começar por links que indiquem para matérias ou sites oficiais quando cita no texto os Narcóticos Anônimos ou a própria Comunidade Terapêutica Terra da Sobriedade; a Universidade Federal de São Paulo ou ainda o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas.
ResponderExcluirOBS 1: Gostei muito das charges, ilustram bem a idéia-central do blog!
OBS 2: As outras postagens poderiam abordar a vida dos dependentes químicos em tratamento, o trabalho específico dos Narcóticos Anônimos e – o mais importante a meu ver – como a sociedade encara esses usuários de drogas. Porque é preciso pensar que as pessoas são exímias em fazer seus julgamentos torpes, mas normalmente desconhecem processos sociais que levam o indivíduo – quase que involuntariamente – a fugir de uma vida estafante buscando novas experiências nas drogas. Enfim, viver é muito mais complexo do que acreditam os reducionistas...
Desculpe se me empolguei e entrei na análise que compete a Daniela fazer sobre o blog. Mas gostei muito e espero que ajude os leitores-internautas a pensarem sobre esse assunto hiper atual. Abraço,
Thiago.
Bom, O Thiago fez por mim :)
ResponderExcluirAssino embaixo...
abs,